Com certeza deve existir
frase e texto em torno dessa reflexão, mas nunca tinha me atentado com toda
cautela como aconteceu hoje.
Minha infância teve de
tudo. E por isso eu sou um bom contador de histórias passadas. Pelo menos os
colegas da Faculdade diziam. Os do Yolanda talvez não suportem mais. Os de rua
talvez me ajudem a contar. O de escritório um dia vai se cansar.
E é por isso que a gente
vive em eterna mudança, conhecendo novas pessoas para que elas possam morrer,
indo a novos lugares para que eles também possam morrer.
A morte do ser humano para
nós uma merda. Você perde o contato direto. Não ouve mais a risada, o choro, as
pirraças, as brincadeiras e as manias.
E dos lugares? Do que a
gente sente falta?
Treze anos atrás (eu conto
história que aconteceu uma década atrás, o que significa que estou ficando
velho), minha Tia Nã morreu. Ela era tia de Gi, que vocês tanto conhecem. Então,
seria minha Tia também.
Como nossa infância foi lá
e ela não está mais entre nós, deixamos de ir, de passar as férias, de ver os
pintinhos nascerem dos ovos das galinhas, de regar as plantas, cozinhar licuri,
andar de jegue e cagar no mato.
O lugar simplesmente:
Buum!!Também morreu!
Os galhos secos, as arvores
pedindo socorro, a casa agora é abrigo de morcego, jegue aprendendo a comer
malva, etc.
Recentemente outra tia,
dessa vez de sangue, também faleceu. Morava na Jacobina III e às vezes, não com
muita frequência, eu também ia lá.
Hoje passo perto da
Serrana e o volante meio que dá uma puxada para a esquerda, querendo entrar na
avenida que dá acesso a Jacobina III. Eu resisto e sigo direto.
É que ainda estou em
processamento. Aquele lugar também vai morrer.
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