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quarta-feira, 27 de abril de 2011

A cocha de retalho


Se dependesse dos seus ditados, dizeres, histórias e curiosidades, todo santo dia eu estaria aqui escrevendo sobre Gi..
Acho que escrevi na outra história. Se sim, vou relembrar. Se não, vou contar. Ela tem uma irmã chamada Sônia, que hoje mora em São Paulo, lugar que ela deveria estar se não tivesse a gente, ou se a gente não tivesse a ela. Elas duas, juntas com os irmãos homens, eram os que mais trabalhavam no solo rachado e infértil do seu vilarejo.
Chove na madrugada do dia 19 de março, dia de São José. Reza a lenda que se chove nesse dia, a colheita vai ser boa, vai ter milho na mesa e um São João de muita festa. Vão todos pra roça, carregados os jumentos com seus caçuá com muita semente e esperança. Cantorias, brincadeiras, jogam licuri na cabeça, corre pra detrás do pai, bota a enxada no umbigo e é parada pela pedra. Como devia ser divertido. A cova é cavada. O certo seriam três grãos, mas o sol das onze chega, a fome aperta, a boca seca, o rio ainda era limpo, a garganta é molhada, mas o feijão de casa chama. Só poderia ir pra casa com o término das sementes. A solução seria então olhar pra irmã disfarçadamente e jogar um punhado de vez.
Passados alguns meses, a lenda fez jus e os sacos começavam a ser vendidos, angariando algumas moedas pras irmãs. Com as datas festivas passadas, chega o natal acompanhado da virada do ano, época de prosperidade, mudanças, alegria e realizações.
Queria frisar nas realizações, porque é o grande motivo do texto. O dinheiro ganhado em Junho ficou guardado durante todo o ano dentro de um copo de barro, alumiado pelo candeeiro. Em dezembro, pegaram o pau de arara e foram à Miguel Calmon, na tradicional feira livre de sábado. Depois de muito rodar com o dinheiro em mãos e contando toda santa hora pra vê se não tinha perdido, encontraram duas coxas de retalho. Estava ali, naquele conjunto de panos, um rosa e um roxo - para muitos despercebidos e sem muita importância - o emprego de vários dias de trabalho, a realização de um sonho, podendo comprar com o seu dinheiro, algo que pudesse cobrir suas camas e oferecer conforto. É simplesmente fantástico! É gratificante ouvir esse tipo de história.
Hoje em dia, com um salário bom, com seus direitos trabalhistas garantidos, acrescidos a insalubridade por trabalhar na mesma casa de Sara, periculosidade por causa de Quincas, e auxílio mãe número dois, ela não conta conversa com o dinheiro que ganha. Perfumes, jóias, sandálias, celulares, cremes e outras cositas á más. Todas sem a mínima necessidade, mas pra ela, continua sendo extremamente gratificante, prazeroso, poder com seu dinheiro, adquirir suas coisas. Besteira pra muitos dos que lêem, talvez. Pra mim também, confesso. Talvez ouvindo, escrevendo e passando pra vocês, aprenda também a dar valor. Vamos juntos?

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Brutus não foi nada Light


O Brutus não foi nada LIGHT

O que é o Brutus Light? Quem são eles? De onde surgiu essa idéia?
Equipe Light – No Forró existem as equipes formadas por amigos que seguem determinadas bandas, onde quer que elas estejam prestigiando o conjunto e recebendo alôs. A Equipe Light surgiu com uma idéia que perpassa essa questão de ir à festa e ter esse reconhecimento. A gente queria mais. A gente quer mais. Pra quem não sabe, é uma idéia do aprendiz de marketing Gustavo Raonne que depois do Forró do Bode, me apareceu com essa novidade.
Em 2009 tivemos a ousadia de fazer uma festa no dia 11 Junho, concorrendo com o São João antecipado de Serrolândia, Ourolândia e Campo Formoso, todas com atrações de peso, e o melhor, de graça. A nossa atração seria a banda de xote Cangaia de Jegue e atrações locais. Costumo dizer que só boto o que eu gosto de ouvir, o que é bom e o que merece meu trabalho. Nesse primeiro ano foram cerca de 900 pagantes, todos satisfeitos, felizes e bêbados. Tinha como sócio, Raonne, Nenel e Iago Souza. A repercussão foi tamanha que em 2010 escolhemos o feriado de setembro pra fazer a segunda edição.
Eu não queria, mas o povo pedia mais uma vez Cangaia de Jegue. Sem concorrência direta na cidade e na região, a festa pouco divulgada teve o público de 1600 pagantes. Essa foi aquela que a gente respira fundo e pensa sozinho: Essa foi a festa!
Lembro bem que no meio da festa, agoniado com a organização, Nenel me pergunta como tava lá o andamento e eu disse: O povo ta adorando!
Vocês precisam ver como é organizar uma festa dessas. É complicado, mas é muito divertido. Eu gosto de correr riscos, gosto de ter uma conta pra pagar, uma responsabilidade pra cumprir, gosto de ouvir que a festa foi boa, gosto de fortalecer os laços de amizade no andar da carruagem. Meus amigos viram comissários, garçons, caixas, produtores, cozinheiros. É tão bom! Netão e Itã os responsáveis pelo caixa do bar. Jéssica, Daniel e Fabi ficavam na bilheteria. O resto ficava no bar, distribuindo cerveja pra galera. Uma ficha, três cervejas! Só no LIGHT, viu? É perdoável pela agonia, pelo cansaço e pela pressão.
Mas, o que é o Brutus?
Sou novo e acho que nasci ouvindo falar nos “Brutus”. São amigos, velhos amigos que, assim como nós do Light, foram criados uns nas casas dos outros, estudaram juntos, farrearam juntos e até hoje mantém essa amizade intacta. Segundo um dos mentores, o nome Brutus foi dado a partir do Dr. Juman, um reconhecido médico da nossa cidade, que nos velhos e bons tempos curtia junto com os seus filhos e amigos, os apelidando de BRUTUS.
Antigamente tínhamos o réveillon dos Brutus. Tive inclusive o prazer de estar em um com Cezão, brindando com um espumante e lembrando-se das nossas paixões loiras, debaixo de uma linda queima de fogos. Hoje são advogados, médicos, publicitários, dentistas, etc.

E essa junção? De onde é que vem?
Agora em 2011 recebemos alguns convites dos grandes. Fomos chamados pra juntar turmas e fazer um bloco diferente em Jacobina. Como não sou ninguém sozinho, consultei amigos e mamãe - Não podia nem pensar em perguntar a Papai, até porque ele não gosta da idéia desse meu hobby - Todos com a mesma opinião negativa. Foi aí então que conversamos juntos, eu e Mateusinho, acertando detalhes e firmando uma parceria pra a micareta. A idéia era mais do que audaciosa. Seria uma festa no sábado de micareta, com cerveja, vodka, refrigerante e energético free. Tudo isso sem separar o público por camarote ou área vip. Seria tudo pra todos.
Com uma quantidade de opções pro folião na micareta e uma data super curta, decidimos então antecipar o projeto pra semana santa. O que eu precisava era de parceiros. Onde achar? Decidir então chamar dois grandes amigos que eu confio de olho fechado. Fiz o convite conjunto e levei um sim na hora. Dips e Netão seriam então os mais novos sócios da festa.
Equipe Light representada por mim, por Netão e por Dips. O Brutus por Mateusinho e por Ninho, ou Dr. Vinicius, para os íntimos.
É uma junção de personalidades que se completam. Começando por Mateusinho, que é literalmente sempre criativo. Toda vez que a gente conversa e ele diz que tem uma idéia, eu penso no que poderia ser e erro feio. Sempre é algo genial, de arrepiar. Ninho é a praticidade e poder de decisão rápida. Pergunta se falta algo e em poucos minutos resolve. Sem contar que são os grandes investidores, os que seguram os contratempos financeiros. Netão é a mistura de trabalho, eficiência, responsabilidade e medo em pessoa. Carregou o LIGHT nas costas. Dips é...não sei bem ainda o que Dips é, só sei que otimismo, divulgação, e um bar organizado, pode deixar com ele. Eu devo ta de ousado nessa história toda. No começo tinha em mente que Netão seria o responsável financeiro, terminei ficando e mais uma vez o dinheiro me venceu. Definitivamente não nasci pra mexer com contabilidade, entrada e saída. Até o dia da festa tava tudo certo, porque Saíze tinha tudo anotado, foi só ela sair pra almoçar, que em duas horas tive a capacidade de desorganizar tudo. Lá vou eu e Itã tentar recuperar. No final sempre dá certo.
Com a equipe montada, com a festa com um mês pra acontecer, fomos à luta, fomos correr atrás do prejuízo.
23 de abril de 2011 – 3:30pm – A festa começa –
O sol parecia ter dado uma trégua, o povo começava a sair de casa e os ingressos finalmente começam a ser vendidos maciçamente. Nos bares todos já estavam a postos, prontos pra servir a nossa galera. Os seguranças de prontidão e o som testado. Com tudo no seu devido lugar, tivemos dois minutos pra ir a casa e ir tomar um banho, revezando uns com os outros. No pico da festa é feito um balanço e aquele peso das costas vai ao chão. A festa está paga! Vamos apenas o que Mateusinho chamou de: Perder pra nós mesmos. Não podíamos deixar a peteca cair. A nossa intenção é fazer com que a festa vire tradição. Nunca vi uma festa na primeira edição ser tão organizada, tranqüila, bonita, etc... Não foram poucas as vezes que eu parava e olhava pra o palco, ficava parado sozinho e o filme rodava a manivela na minha cabeça. Era mais do que gratificante ver o povo dizendo: parabéns! Que festa boa!
Que bom que foi trabalhar com Netão e Dips. Que bom que foi conhecer melhor Mateusinho e conhecer Dr Vinícius.
Por fim, a pergunta que todos querem saber:
Quando tem outra?

sábado, 9 de abril de 2011

Fui roubado no Rio de Janeiro


Dia desses tive o prazer de receber um convite dos meus primos do Rio Grande do Norte, os famosos Breno, Bruno e Flávio para fazer uma viagem ao Rio de Janeiro e assistir o jogo classificatório de Vasco x ABC. Mas logo dia de semana?
Nem tinha prova, então não podia perder essa oportunidade única com aprovação e aceitação de Papai. Sempre tive vontade de conhecer as praias, o corcovado, o tal bondinho, as cariocas e claro, tentar ver Juliana Paes na praia de Ipanema. Foi uma viagem curta pra quem tá de fora, mas intensa pra quem viveu, de quarta (06-04-11) à sexta (08-04-11). Marcada pelo meu primeiro vôo de Avião, um trauma pra vida toda, porque queria mais aventura e várias turbulências. Nada disso aconteceu. Como estava com muito sono, o que mais queria era dormir. Fui impossibilitado pelo pequeno Cauã. Quando cochilava, ele, com pouco menos de um ano, me dava uns murrinhos na perna querendo brincar. A dona sua mãe já estava estressada com o baby por ele tá incomodando o moço, como dizia ela. Como não havia mais saída, resolvi então jogar no time dele. Peguei o pãozinho de batata e fui batendo na testa dele, brincando quase que a viagem toda, até dar sono, chorar e por fim, dormir.
Na chegada fomos recepcionados pelo senhor Cristovão, amigo do meu "Tio Toinho", pai dos meninos. Depois de instalados, pegamos um carro e fomos conhecer a cidade maravilhosa, só no nome. Depois de conhecer e nos decepcionar com a famosa Niterói, o refúgio dos atores das novelas das "8", voltamos ao Rio e fomos pro estádio do Vasco, o São Januário. Chegamos cedo, ainda não era permitido entrar, onde sem dúvidas estaríamos mais seguros. Como éramos visitantes, não tínhamos nem sequer o direito de vestir a camisa do "nosso" time, com medo de ter alguma confusão, mesmo as torcidas sendo supostamente aliadas. Lá dentro a torcida do ABC ia se aglomerando, iam chegando os nossos vizinhos de cidade, pessoal de São José de Mipibú, Nízia Floresta, Mossoró, Macaíba, etc... A turma que mora no Rio e é do Rio Grande do Norte também ia chegando, e logo era identificado pela cabeça lá de nóis. Antes de começar o jogo, fomos submetidos a uma recuo de mais de 20 metros do nosso espaço de visitante nas arquibancadas. Justificado pela política, continuo achando que:
"Puta que pariu!! Essa PM é a vergonha do Brasil!!"
A chegada dos juízes no campo para aqueciemento prévio, me trouxe uma energia contrária ao que vinha sentindo, porque sentia o cheiro de "zebra" (expressão usada quando acontece no futebol algo inesperado). Depois de saudar os nossos jogadores, começa então a partida mais esperada pelos torcedores do ABC e muito temida pelos Vascaínos, afinal, já foram derrotados e elminados pelo Baraúbas de Mossoró na Copa do Brasil de um ano aí que não me recordo. Com aproximadamente 10 minutos, um dos nossos melhores marcadores comete uma falta comum e logo é punido por um cartão amarelo, sem a mínima necessidade. O desenho do jogo já estava feito na minha cabeça. Não quero ter visões, nem sinto aquelas energias vindas do além, mas é que o andar da carroagem e o futebol apresentado pelo Vasco, considerado um time grande, é extremamente vergonhoso, então não seria muito difícil prever esse tipo de coisa. Ainda no primeiro tempo o ABC marca um gol, intimidando os torcedores eufóricos e preconceituosos, deixando o time do Vasco ainda mais nervoso. Com a ida pro segundo tempo com a vantagem, tendo o empate ao nosso favor, tínhamos 20 minutos pra segurar a pressão e levar o campeonato adiante. Seria muito difícil, caso o Vasco e Felipe estivessem num dia bom. Com não mais de cinco minutos de segundo tempo, o Juíz da partida vê um penalti inexistente contra o ABC, revoltando a nossa torcida e fazendo os torcedores cariocas esticarem os seus dedos maiores, gritando:
Volta pra casa, Paraíba!
Se não bastasse o penalti a favor do Vasco, o Juíz mineiro (ow raça desgraçada), ainda expulsou o jogador. Sem comentários!!
Penalti convertido! Esperanças jogadas fora!
Para os meninos apaixonados pelo time do coração, viagem perdida. O ABC, com um jogador a menos, infelizmente não suportou a pressão do time e da torcida, ambos ofensivos literalmente. Tivemos que vergonhosamente ir para o carro antes mesmo de ver a partida acabar, sem poder aplaudir o time que foi guerreiro do início ao fim. Era muito arriscado sair do estádio com a camisa do time adversário no corpo. Podíamos ser linxados e fazer parte dos dados das tragédias cariocas (sem exagero). Pra mim, como baiano e ainda apredendendo a gostar do ABC, por não ser muito ligado ao futebol, foi uma vitória, um orgulho. Se Vascaíno fosse, envergonhado ficaria. É triste assistir um jogo de futebol, que antigamente era espetáculo e diversão das famílias, rola hoje a mala branca, muitos dólares, muita descaração e falta de ética. Fomos reconhecidos por jornalistas da Band e da ESPN, que pelo menos uma vez na vida, reconheceram o erro contra um time do Nordeste. Mas faz parte da vida! Ainda me avisaram... Cuidado pra não ser roubado no Rio.
Não teria graça nenhuma conhecer a cidade dos bandidos sem ser roubado.
Até qualquer dia, Rio de Janeiro. Conheçam a Bahia! Jacobina! Aracajú! Maceió!
Por fim, dêem uma esticadinha à Natal, para que saibam o que é uma cidade maravilhosa.

*Foto extraída do blog www.semprecriativos.blogspot.com