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quinta-feira, 26 de abril de 2012

E lá, como foi?

Essa é uma boa pergunta. Tenho sido perguntado com frequência por bons amigos, que se interessam e que sonharam esse final de semana (20 a 22 de abril 2012) comigo, querendo saber como foi lá no Recife. Ano passado o Saia Rodada, que chamo de minha banda, completou dez anos de vida. De sucesso seria meio complicado de falar, visto que toda empresa tem altos e baixos. Com o Saia não foi diferente. Já vivemos excelentes fases, músicas internacionalmente conhecidas (Beber Cair e Levantar – Coelhinho), trabalhos reconhecidos, DVDS sensacionais, músicas em novelas, seriados, filmes locais, programas de TV, turnês internacionais, participação em eventos da mais alta classe musical, show para dois milhões de pessoas (Reveillon da Avenida Paulista 2007), e também tive que aturar perguntas do tipo: Por onde anda o Saia Rodada? Já fui confundido como dono da banda, já fui chamado de Keu Raizeiro, Keu do Saia Rodada por quem não faço ideia de quem seja. Briguei com pessoas, empresários, donos da banda, assessores, fãs, o diabo a quatro. Fiz amizades, boas amizades virtuais. Eu merecia, eu me programei, eu estudei e trabalhei pra poder viajar dia 20 de abril de 2012 com a consciência tranquila e as pernas bambas de ansiedade. Dia 10 de junho de 2011, lá no Serrote eu prometi pra mim mesmo que iria. Nove meses depois, dia 10 de março de 2012, Rafael, no show da banda em Baixa Grande, bateu a mão nos peitos e disse que também iria. Em seguida ergueu a mão para que eu a tocasse, firmando ali um compromisso meio sem jeito. Dias depois nos organizamos, fizemos alguns depósitos, reservas e só ai, pude acreditar, realmente, que ele estaria comigo. Quero aqui, nesse momento, agradecê-lo – mais uma vez – por ter ido comigo nessa empreitada. Tentarei contar a viagem por tópicos, esquematizado, para que não me esqueça de nada. Ponto 1 – Minhas companhias no Recife eram as melhores possíveis. Fiquei hospedado num hotel na Praia de Boa Viagem, top na internet, mediano ao vivo. Um café da manhã maravilhoso, um taxista engraçadíssimo, uma camareira casada com dois filhos – mentirosa – e uma piscina com sauna sem aproveitamento. O quarto tinha um frigobar com várias coisas, mas eram intocáveis. A gente foi no mercado ali perto e fez as compras. Várias coisas, bebida, comida, doces. Entra escondido, carai! Rafael e Arnaldo deram certinho. Resenheiros, três gordos, só prestam pra comer e pra levantar da cama era um trabalho grande. Exceto no sábado que fui acordado por Rafael ainda bêbado chamando pra ir à Porto de Galinhas.
Ponto 2 – Recife – Terra boa. Povo acolhedor, mas um pouco bruto. Ai deu certinho, né? A cerveja Schin está empatada com a Skol na cidade. O aeroporto é um ponto central, liga a todos os outros lugares que você deseja ir. Faz fronteira sem fronteira com Jaboatão dos Guararapes e Olinda. Suja, sem rede de esgoto. Shopping só abre meio dia. Passagem aos domingos cai pela metade nos coletivos. Taxi barato. Lugar cultural, extremamente católico. A presença de grandes igrejas de tempos antigos. A construção civil está em baixa na cidade, quando comparada a Natal e Salvador. A diferença de lá são as formas inusitadas que constroem os novos empreendimentos. É algo peculiar. Muita gente bonita, homens e mulheres, sem distinções. Casas de shows a nível nacional. Chevrollet Hall, O estádio do Arruda que no final de semana se preparava para o mega show do Paul McCartney, Haras Boa Viagem, Marco Zero (público), Internacional, Clube Português e outros mais... Ponto 3 – DVD Saia Rodada Finalmente chega o dia 20 de abril de 12. Como disse num vídeo, a gente espera tanto por um dia, um momento, quando ele chega, passa num estralar de dedos. O bom foi que nós aproveitamos de toda forma, marcamos a data, a viagem, o passeio, a aventura. Estávamos cansados. A viagem, a ansiedade, a passeada pela orla do Recife, procurando a barraca do Pezão e a feirinha de Boa Viagem. Tinha certeza que quando chegasse lá minhas energias se renovariam. Na porta da festa, muita gente bebendo, sons ligados, mulheres em cima dos paredões, poucos ambulantes (acho que lá não tem espaço pra eles – exceto bala e copos -), do jeitinho que eu imaginava o Recife. Fui apresentado a vários amigos virtuais, pessoas que acompanham a banda desde 2005, 06, ou até os mais recentes. Dentro do Haras Boa Viagem (local da festa) me deu uma sensação boa. Eu estava pisando num lugar onde a banda marcaria uma etapa da vida dela. Tava fazendo parte das imagens que eu cansei de assistir em vários, vários DVDs. O público me preocupava. O local estava vazio e o locutor pedia para que o pessoal fosse entrando, pra poder começar a festa. Nesse momento Dorgival passa o som. Merece um ponto exclusivo pra ele, e farei isso. Show de Dorgival Dantas – O palco era grande. Os instrumentos do Saia estavam la pra trás, prontos, passado som. Os de Dorgival estavam cá perto da beira do palco, pra não pode atrapalhar qualquer detalhe na mixagem. Artista geralmente vem de trás, depois que a banda começa pra galera poder aplaudir, gritar, espernear. Ele fez, faz diferente. Passou o som, botou a sanfona nas costas na frente de todo mundo. Deu boa noite ao público, agradeceu aos donos do Saia, aos empresários, parabenizou Raí e pediu licença. Licença ao Recife e aos presentes para poder mostrar o seu Forró. Eu gritei na beirinha: Você tem toda licença, mestre. Ele (sem me ouvir ou ao menos olhar por mim) sentiu que o público permitia ele mostrar o som dele pelos aplausos. Fechou o olho, levantou a cabeça pro céu e dedilhou, dedilhou. Nessa hora lembrei de Vinny, Lucas Dias, Evandro. Eles mereciam estar lá, assistindo aquele show do Dorgi, como a gente brinca. Foram apenas noventa minutos de show, mas o suficiente pra ratificar que ele é, sem sombra de dúvidas, o maior compositor de Forró do mundo. Chegado o grande momento. O locutor anuncia que está para entrar a banda que tem 10 anos de sucesso!! Abaixei meus braços, dei uma mexida, abasteci o copo e me levantei pra poder começar. Instrumental romântico, um ballet lindo, e lá vem Raí. Qual será a música? Eu apostava em “Ponto final/mudança radical”. Ele veio com o sucesso (votação na internet e Tv Diário) do São João 2011. Parede de Vidro. Musicão!!Todos cantavam com a mão pra cima. Teve uma hora que ele olhou pra alguém e fez um gesto querendo dizer: “O pessoal da cantando alto, ta bonito.” Daí em diante foram só sucessos. Amor transparente, mentirosa, beber cair e levantar, mudança radical, ponto final, só pra você, eterno amor e claro, a música que lançou a banda pro Brasil. Coelhinho. Nessa hora um pause. Duas pessoas, fãs de Natália (ex cantora e eterna coelhinha do Saia), levantaram uma camisa pra tentar desconcentrar e irritar Raí. Ow patrão... vocês irritaram gente pior, me irritaram. Nunca me dei com os fãs de Natália desde quando ela cantava. Eu tinha que respeitar, porque ela fazia parte da “minha banda”. Alguns já tiraram onda comigo na net, mas pessoalmente tem que ser muito homem, coisa que não são. - Abaixe, abaixe essa camisa! Sem ouvir meu recado e fazendo cara de desentendido, continuou. Não me contive, fui até ele e tirei a blusa das suas mãos. Joguei no chão e mais uma vez dei meu recado. Causou um pouco de “nervosia” ali na frente, arrancou alguns olhares feios de Raí, mas eu tinha que fazer aquilo. A banda merece respeito, os fãs e pagantes mereciam respeito. Se ela fosse participar do DVD seria o primeiro a bater palma. Eu reconheço a importância que ela teve na banda, mas o Forró tomou novos horizontes. Hoje se você não sabe cantar, tem apenas uma bunda pra mostrar, não tem espaço, mesmo tendo público. Natalia tem muito público, tem musicalidade, tem presença, mas não tem voz. Acredito que mais “prós” do que “contra”, mas ela tava desgastada. Já foi! Passado! Voltemos... (fico nervoso) O espetáculo continuou. Tivemos Kenátia (linda dançarina) fazendo várias coreografias da banda sob o comando do competente Marquinhos Araújo. Tivemos no corpo do Ballet Tássio Farias, também professor de dança e fez parte de todos os trabalhos oficiais da banda. Participação de Dorgival Dantas cantando “Só pra você”. Teve também um presente do mestre pra Raí. A música “declaração” foi novidade no DVD. Raí errou a letra e ficou um pouco retado. A galera sentiu e começou a gritar: Uh!! É Raizeiro!! Foi lindo de se ver...Ele voltou e disse que desse jeito ficava mais nervoso ainda. Voltou, pediu a presença do ballet feminino e botou pra lá. O tal do Raí é desenrolado.
Emoção! A parte da emoção ficou n’uma música “Papel de criança”. Feita no “recanto do canário” (Umarizal – RN – Sítio de Raí). Yasminny, dançarina da banda e hoje esposa do Negão, dançou com Marquinhos Araújo. Depois encostou, chegou perto, abraçou, trouxe o boy Ryan (filho deles) e Raí não se aguentou. A voz engasgou, as lágrimas vieram nele e na galera cá em baixo também.
Aline Reis – Nova vocalista do Saia Rodada, nova, competente, médios e agudos com muita qualidade. Ela dá umas esticadas nas notas que eu fico besta como consegue. Errou duas ou três vezes no DVD pelo nervosismo. Várias pessoas reclamando, mas eu entendo perfeitamente. Foi o primeiro trabalho dela com toda essa responsabilidade, músicas novas, público caloroso, ela tinha que retribuir. Tomara que os donos ofereçam pra ela uma condição bacana pra que se mantenha na banda por um bom tempo. São João ta vindo ai e o Brasil vai poder conhecer essa menina que tem uma voz diferente, forte e doce ao mesmo tempo. Parabéns, Aline Reis.
Ponto num sei quanto – Me perdi. Obrigado! De coração, obrigado aos que sonharam comigo esse final de semana. Raizeiros do RN, RJ, BA, AL, PE, PB, DF, CE e toda nação forrozeira que se fez presente no evento. Foi tudo excelente, pra marcar, pra lembrar pra recordar, pra (re)viver. Só tem dinheiro quem não tem criatividade. Pense num boy criativo. Ah! Papai... eu tava no Recife! ;)

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