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sábado, 20 de abril de 2013

É proibido proibir



A minha maior missão nesse blog é contar histórias. Engraçadas, curiosas, bestas, cabulosas, mas histórias minhas.
Por isso que hoje, ao acordar e ver que dia do mês estamos, lembrei-me do ano de 2007, lá em Jacobina.

Eu tinha 14 anos e Lorena (bocão) completara, na ocasião, 15 anos.

Era um dia de sexta feira (sem olhar calendário), dia 20 de abril de 2007. Tudo certo para comemorarmos o aniversário, um marco na vida de uma mulher, que é o tão sonhado 15 anos.

- Papai, hoje tem aniversário de Lorena. 15 anos na “Só Batidas”. Eu vou, viu?!

- Quem é Lorena?

- Lorena, moço. Do Yolanda. Filha de Jedida e Everaldo da Telemar...

- Não.

- Não o que? É filha de Everaldo, sim, rapaz...Lá da Jacobina 3.

- Não, você não vai.

Só fiz chorar. Sempre fui muito chorão, até os dias atuais. Não iria ser diferente com essa idiotice de papai.

Nenhuma outra palavra descreveria essa atitude dele. Talvez loucura, momento, falta do que fazer, etc mais...

Digo isso pelo simples motivo de ter sido criado com a frase legal, que gostava de ouvir e que mais nunca ele falou.

“É proibido proibir”.

Se era proibido proibir, por que ele fez isso comigo?

O aniversário aconteceu, eu deitei e dormi. Aliás, antes tivesse dormido. Liguei um som que tinha, botei do lado na minha cama e liguei tocado “Forrozão Chacal”. Foram lágrimas, tristeza, e muitos pensamentos loucos. Me faltava era coragem pra ir escondido, mesmo ele merecendo.

Melhor dizendo, quem merecia minha presença era a minha amiga Lorena. Ele não podia ter feito isso conosco.

Mas, e hoje? Como ele pensa, como ele lembra desse episódio?

Papai é do tipo que se arrepende. Ele parece com Galdino, do Yolanda. Diz não com vontade de sim. Diz sim com gosto de não.

O arrependimento mora nele até hoje por não ter me permitido participar desse dia com meus amigos. Até hoje ele lembra, da uma risada sem graça rangendo os dentes e pede desculpa, meio sem jeito.

- É mesmo, desculpa, foi mesmo, devia não, podia não, sua amiga, 15 anos nera?

Agora imagine ele falando esse tanto de coisa em 3 segundos, numa frase só. É muito sem jeito.

História igual aconteceu com a fazenda da minha querida amiga “mamãe” Ingrid Velloso.

Todos estavam certos de que o final de semana seria na fazenda, sob os cuidados de Lorena e Zezinho (pais de Inha).

Só papai não me deixou ir. Por que, meu Deus? É proibido proibir. Esqueceu?

Lorena ligou lá pra casa, conversou, pediu, e não teve jeito.

Sentei na cadeira do computador e não chorei. Engoli. Não dei ousadia. Lá vem ele alisando meu pescoço e perguntando,
meio que arrependido.

- Lá ia ser bom? Quer ir mesmo?

- Nem se você deixasse eu ir...quero mais não, obrigado!

Ele deu as costas e saiu. Acho que uma das maiores besteiras que falei foi essa na vida toda, dentre tantas enormes.

É que eu queria muito ir, não tinha porque tanto orgulho. Defeito que me persegue.

Mas, voltando ao aniversário de Lorena (bocão – não confunda com a mãe de Inha), no outro dia, sábado, era aniversário mega comentado de Evelin, aluno do nosso rival Oasis.

Dessa vez foi a vez de Sara. Pediu pra ir e negado foi. A decisão dele fazia muito sentido. Ele fez justiça a mim. Se não me deixou ir pra um aniversário de uma AMIGA, qual razão faria Sara ir pra uma festa só por ir? Se ela fosse, a injustiça seria dobrada comigo. E irmão tem dessas coisas. Se ela pode, eu posso.

Acontece, parceiro, que me veio uma lâmpada com um diabinho e um anjinho.

Combinei com Daniel, Iago, Lulinha, Jéssica Liz e Matheus Brasil que iríamos pra esse aniversário. O MSN bombava demais nesse dia. Os “Nicks” só falavam disso. Iria fazer de tudo. Ninguém iria me impedir.

A noite chegou e eu deitei pra dormir. Dormir NADA! Estava com o plano traçado na minha cachola.

Toda noite eles (meus pais) assistiam televisão até certa hora. Antes de desligar, papai vinha na cozinha, pegava um copo d’água (supostamente pra algum remédio de mamãe), desligava a televisão, dava um selinho (eu ouvia o estalo e morria de raiva) e dormiam, felizes, sorridentes e babando.

Essa noite eles demoraram fora do comum. Acho que dormiram e esqueceram de desligar a televisão e fazer o que era rotineiro.

Eu não ia esperar. Não tinha celular e tinha combinado meia noite no clube Leader.

Pegue almofadas no sofá, escorri pela cama, fazendo a minha cabeça com um capacete da mineração. Abri o guarda-roupas, peguei a minha chave dos fundos, sapatos que calcei lá fora, o perfume (Dimitri) e fui de ponta pé.

Encontrei com os meninos e aproveitei aquela noite de forma magnífica.

Aniversário com as melhores coisas que uma festa poderia ter. Lembro, inclusive, que foi a primeira vez que bebi.

Comecei no Wisk e só parei na minha cama, com o mundo rodando.

Papai merecia uma fugidinha. Tomara que ele não leia o blog nem ninguém conte a ele pelo calçadão.

Hoje, anos passados, reconhecido o erro, quero desejar meus parabéns a Lorena. Grande amiga de infância que ainda encontro por aí.

Ah!! Se alguém for contar, aproveita e relembra que é proibido proibir.

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