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terça-feira, 3 de maio de 2011

Segunda feira de Carnaval


Atualmente estou domiciliado na cidade de Salvador, a cidade do maior e melhor carnaval do mundo para os turistas endinheirados, doidos por um dread nos cabelos lisos e amarelos.
Como já me chamam de matuto, tabaréu, roceiro, caipira, resolvi fazer jus aos meus lindos apelidos. Peguei meu mói de roupa e fui pra Jacobina.
Passar uma semana longe do calor soteropolitano e dos caprichos carnavalescos de Sara era o que mais queria. Na quarta feira já sentia o cheiro de aventura, de festa no interior, de Várzea do Poço, das meninas, dos meus amigos. Papai e mamãe foram pra Natal ver Vovô que não andava nada bem e também descansar de uma cirurgia que Dª Lícia havia feito. Deve ser até pecado dizer, mas como foi bom meus pais viajarem, viu?
Sábado e domingo fui com os caras e algumas amigas pra Várzea do Poço. Lá tem um carnaval pequeno, mas gostoso. As marchinhas de antigamente, meu grande professor e amigo Márcio, Dips, Itã, um clima muito amigável, familiar. Na segunda feira de carnaval ficou certo de acordar cedo e levar Gi na roça.
Domingo a gente tinha excedido um pouco, o que me fez dormir até meio dia, revoltando Gi de uma forma poucas vezes vista. Depois de acordado, liguei pra Dips e fomos pra o lado de Piritiba, um distrito chamado Araújo, levar Gi e Dona Júlia, a senhora sua mãe. Levar Gi pra roça era a melhor coisa que me podia acontecer. Sara em Salvador, papai e mamãe em Natal, feijão pronto na geladeira, só faltava deportar a manda chuva. A distância de Jacobina pra o nosso destino foi mais de cem quilômetros. Uma distância assustadora, mas a gente teria que voltar no mesmo dia, afinal de contas, Canindé faria um show logo mais a noite e nossa presença seria indispensável. Oh que mentira! A gente queria mesmo era raparigar! Depois de chegar ao destino, não era elegante sair imediatamente. Procurando problema, Gi me chama pra ir à casa de João Cruz, um primo dela, pegar um tanque de Eternit. Na camionete tinha eu, Dips, Gi, D. Júlia e um gordinho que não sei o nome. No retorno a casa, beirava às 4 da tarde, o sol ia ficando fraco, as nuvens iam se fechando, o tempo tava passando. Aconteceu o pior! O pneu dianteiro fura e começa toda a agonia. Sem macaco pra ajudar a trocar e o pneu reserva preso por uma trava insuportável, caminhei mais de um quilômetro atrás de ajuda. Ao chegar a casa com uma cara de cachorro pidão fui recepcionado por um povo estranho que nada fez pra ajudar. No retorno passei por outra casa, no alpendre eles brincavam de cartas e ficaram me olhando, desconfiados com a presença de um estranho. Eu ficava pensando no caminho: Meu Deus! Tomara que quando eu chegar já esteja tudo resolvido e eles me peguem no caminho. Dips pensava de lá: Tomara que Keu traga um macaco bom e um borracheiro. Antes de chegar ainda encontrei com Dona Júlia e Gicélia cansadas e sem saída.
Chego ao carro e junto com Dips procuro uma alternativa pra solucionar o problema. Além do pneu furado nós tínhamos a companhia desse gordinho que não parava de rir do nosso desespero e perguntou:
- Posso contar um sonho?
- Conta, boy!
- É que eu sonhei ontem que vocês não iam embora tão cedo, ficavam aqui até quinta feira. (risos – muitos risos)
Vocês sabem como gordo rir, né? Ele bota a mão no peito, inclina pra trás, abre a bocona e não pára nem com o diabo. A gente também ria, mas não era do que ele contava, era pra não chorar. Dips ainda disse que merecia ser contado aqui no blog.
Pra nossa sorte, tínhamos em mãos um saco de bala. Foi quando eu sugeri pro rapazinho.
- Ei peixe, por que você não aproveita e chupa umas balinhas, pode demorar aqui.
- Pode mesmo? Tava doido pra pedir...
Acreditem! Eram mais de cem balas no saco e ele botava de monte na boca. Só assim pra ele não falar mais nada e deixar a gente em paz, pra gente poder sonhar com o nosso carnaval.
Escureceu e finalmente chegou a solução. Aquele que jogava cartas e olhava desconfiado seria mais adiante o salvador do nosso carnaval. Um macaco de camionete, uma serra, uma lanterna e disposto a nos tirar daquele lugar. Depois de feito o serviço, ainda estava sem acreditar que iria pra Várzea do Poço, que iria dormir na minha casa. Mais cem quilômetros pela frente, chegamos a Jacobina, um bom banho pra reanimar e uma boa companhia pra aproveitar a ultima noite do carnaval da cidade. A noite foi fechada com chave de ouro ao som de Canindé, uma boa vodka e amigos. Na quarta feira fui pegar Gi pra voltar pra casa.
Agora pergunta a Dips se ele quis ir....
Só se tivesse doido!

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