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domingo, 25 de novembro de 2012

Teu pai vai se retar?


Mais de mês já se passou e pode apostar que as nossas conversas em mesa de bar ainda giram em torno da política.
Vai perdurar por mais algum tempo ou talvez quatro, oito anos, vida toda. Afinal, existem bastidores, feitos, aventuras, segredos que ainda não foram revelados. Talvez seja interessante que não sejam, aí a gente pode viver bem. Em contrapartida, acho que não é do meu feitio passar por cima de coisas que sei e que finjo não saber. Acho que vai chegar a hora que explode. Mas eu tenho a capacidade de reconstruir mais do que os orientais em tempos de catástrofes naturais. Talvez essa conversa também se estenda em virtude das pretensões. Dessa vez se não é autoexplicativo, deixo que use sua imaginação.
Ainda não foi dada a largada para a contagem dos quatro anos de gestão, mas se articula, especula, se torce contra ou a favor do que está por vir, contudo, tiro esse momento para fazer um agradecimento.
Dizem “os caras” na resenha que é o voto mais duvidoso que existe é o de Dips. Pra mim é um voto certo, voto bom de ter.
Algum qualquer dia por aí perguntaram em quem ele votaria. Em Rui ou Valdice? Esqueceram de Amauri, mas ele disse. Em nenhum. Eu voto em Fagundes.
Bom de ouvir. Bom sentir aquele arrepio.
Aproveito o ensejo e contarei para vocês um bom capítulo que faz parte da minha história.
Era madrugada no “Chateau” e lá estávamos, tomando uma ao som de um bom pop de Lucas Kadosh. Confesso que a vodka ajuda. As conversas pegavam fogo com o som alto mesmo tendo que gritar.
Analisávamos pontos fortes e fracos dos candidatos, até que cheguei à conclusão de que poderia tá fazendo algo a mais pra’quela candidatura. É que eu moro em Salvador. A campanha era em Jacobina. Quero me meter nessa budega!
Eu tinha vários projetos, mas todos eles envolviam outros dois amigos que tomaram outros rumos na campanha.
No outro dia, na hora do almoço, contei a minha pretensão. Papai aceitou, Dr Rui se surpreendeu.
Combinamos então de fazer uma reunião nas comunidades em torno da palmeirinha, esconso e estrada nova.
Lá fomos nós. No velho guerreiro começamos a fazer o nosso jeito diferente de fazer política. Parando de bar em bar. Já pensou que coisa boa? Uma skol, um limãozinho, um peixe que nem como, por que não?! Parávamos de casa em casa, com adesivos, preguinhas, bandeiras, uma boa conversa e um convite. O convite era feito informalmente, me apresentando, apresentando os meninos, sentado na calçada, chamando para que eles pudessem, no dia 7 de setembro, receber Dr. Rui e Fagundes no terreiro do bar de Robério.
Findou esse primeiro dia de visitas e voltamos bem satisfeitos com o feito. Numa outra oportunidade, como ia a Jacobina somente em finais de semana, tornamos fazer essas visitas e convites. Lá pro lado da estrada nova, perto do Gonçalo, Paraíso, entramos num bar e uma boa surpresa. Era uma senhora que é fanática por Dr Rui e que já tinha na sua casa vários adereços da campanha. Eles ficaram muito alegres com a visita e confirmaram a presença na reunião.
Mais uma vez, já pela noite, voltamos pra o centro com a satisfação lá em cima. Lembro aqui, nesse momento, de um bar na entrada do Esconso que tem a placa -> Gonçalo, alí no alto, ainda na BR 324. Na conversa e no jogo de Sinuca ele estava muito desconfiado. Eu perguntei se poderia colar alguns adesivos. Ele disse que sim, mas ainda muito estranho. Eu então tomei a liberdade e disse:
- Eu sei que o senhor não vota no 15, mas queria só que pudesse prestigiar a nossa conversa no dia 7 de setembro. Posso contar com você?
Ele riu com uma cara de menino e mencionou o sim com a cabeça.
Chegado o dia 7 de setembro. A assessoria e coordenação da campanha estavam altamente desconfiadas com essa reunião. Eu estava confiante. Ouvi dias atrás que um vereador tinha feito uma reunião numa outra comunidade com cerca de 40 pessoas. Se é assim, conseguiremos mais, conseguiremos satisfazê-los.
Um pouco irritado perguntei se podia deixar marcado ou se continuaria aquela indecisão. É que eu tenho pavor quando botam defeito nas minhas coisas. Nessa então, eu tava mexendo com pessoas, com confiança e com um povo simples, que se diz que o jegue morreu, pode vender a cangalha.
Eu, sinceramente, não conseguia entender os outros compromissos. Não tinha porque entender. Se tá na programação, vamos cumprir.
Foi aí então que fiz o desfile cívico com papai, cumprimentando e brincando do jeitão dele e depois cada um tomou seu rumo.
Depois do almoço, saímos com tudo. Um carro de som, fogos, microfone e muita empolgação.
Passávamos pelas comunidades, dessa vez sem parar, somente com voz de locutor fajuto convidando o pessoal, informando que estaria chegando a hora.
- É isso aí, é isso aí! Está chegando a hora, o grande momento! Venham todos, peguem sua bandeira, seu adesivo e venham conosco. A partir de 7 da noite no bar de Robério. Vamos receber Rui e Fagundes, futuro prefeito e vice da nossa cidade. É o 15 meuu povoo!!!!!!
Agora você imagina isso num microfone saindo em dois alto falantes meia boca. Era no mínimo, cômico. Animava muito, acredite. Entre uma fala e outra eu soltava as músicas de campanha e ia levando. Tava quase um Angel Rosa ou Maurício Dias. Passamos na Sapucaia e Várzea da Laje, mas foi na Palmeirinha que duas casas nos pararam querendo também fazer parte da reunião. Acho que totalizava umas 20 pessoas. Marquei então de pegá-los seis da tarde.
Mais adiante, já nas comunidades que iríamos fazer a reunião nós paramos no bar e pensamos num fenômeno negativo. É que o nosso público, o verdadeiro foco, não estava se manifestando. Ninguém saía na porta, não via um pé de gente. A hora era chegada e nada de gente.
- Teu pai vai ficar retado?
- Oxe. Por que ficaria? Tentamos. Se o pessoal não veio é outro departamento. – Falei tentando me enganar.
Por dentro estava triste, angustiado e decepcionado com meu projeto. A ideia era boa, mas enfim...
- Vou alí na palmeirinha pegar aquelas pessoas que ficaram de vir, pelo menos a gente não passa tanta vergonha.
Na ida percebi que o IDEA estava vindo. Estávamos na BR e dei sinal de luz. Encostamos e conversamos alguns segundos.
- E aí, zé mané. Como é que tá lá? – Disse papai
- Rapaz. Deu bom não.
- Tem quantas pessoas mais ou menos? Umas 20?
- Deve ter. Contando com a gente... Foi mal! 
- Bora, bora lá ver como tá. – Falou papai meio agoniado
Meu carro, o dele, Dr Rui, Milton da Natureza e alguns fogos com o carro de som. Minha adrenalina estava com tudo, mesmo meio decepcionado.
Ao chegar no terreiro do bar, a grande surpresa.
- Oxente! Você não disse que não tinha ninguém?
Papai me abraçou com o braço direito, trazendo pra perto, sabe como é?
- É. Deve ter chegado aí. Sei o que foi não.
É que nesse meio tempo havia chegado um ônibus carregado de gente pra poder receber de braços abertos os nossos candidatos. A felicidade voltou a tomar conta de mim.
Era uma alegria e tanto em todos alí presentes. De forma livre e espontânea.
Depois dos cumprimentos, fui incubido de presidir aquela reunião informal, no terreiro de um bar, numa roça, mas que tinham 108 pessoas nos prestigiando somente daquelas casas. Sem contar com as pessoas que vieram de Jacobina. A contabilidade foi feita por Catucha, uma grande pequena pessoa que tomou a campanha pra si. Ela é retada!
Começamos, passei a palavra pra Robério, dono do Bar, que mesmo com toda simplicidade falou muito bem. Depois apresentei Milton da Natureza que também falou muito bem. Ele tem uma relação bem estreita com a zona rural.
Chegava a hora de apresentar os nossos candidatos da chapa majoritária, e eu disse mais ou menos assim:
- Essa é a minha terceira visita PO-LÍ-TI-CA aqui na comunidade. É que em outras ocasiões já estive em festas e em montaria a cavalo. Nas caminhadas que fiz para convidá-los pra essa reunião, explicava pouco a pouco a nossa intenção e dizia que era filho desse aqui no adesivo, bem pequenininho. Ele é pequeno no adesivo, mas vai ser grande pra vocês. É, assim como vocês, criado na terra. Apresento pra vocês agora o melhor vice-prefeito que Jacobina vai ter o prazer de ter. Com vocês, meu pai, Fagundes.
Depois que ele falou, muito bem, diga-se de passagem, tomei a palavra novamente e disse que seria o maior fiscal daquele povo. Eu não queria e nem quero deixar de andar por lá, portanto, o povo me cobrava lá e eu cobraria em casa.
Em seguida, para encerrar a reunião, apresentei Dr. Rui. Disse que dos oitenta mil habitantes de Jacobina, só existia um capaz de resolver o problema da saúde, e essa pessoa era Dr. Rui Macedo.
Finalizamos, agradecemos e eu caí na gandaia. Fui parar no Paraíso pra tomar uma. O dia tinha sido cansativo, tenso e prazeroso.
Foi bom de verdade. Foi uma experiência única. Nossa primeira empreitada política que é do jeito que ela é. Traiçoeira, fria e quente, agitada.
No outro dia, com uma ressaca boa, como era um sábado, acordei com papai abrindo a danada da porta do meu quarto. Eu nem gosto quando me acorda assim, principalmente dia de sábado.
- Acorda! E ontem? Gostou? Parabéns, viu?! Foi bom mesmo. Bó tomar café...
Eu que agradeço. Agradeço ao Dips. Valeu, caboclo! Fizemos parte da vitória do 15.


sábado, 24 de novembro de 2012

Quem nunca?



Quem nunca pegou um cabrunco de um stopô de um ônibus errado? Seja ele em Salvador ou em qualquer outra cidade, deixa você fora de si.
Em Salvador, lhe asseguro que é dez vezes pior do que em qualquer outra metrópole.
Ontem, 22 de novembro de 12, peguei dez reais para me garantir ida e volta para faculdade/estágio/casa.
No estágio, com três e vinte no bolso, pensei ligeiramente que deveria ir ao SSA CARD e recarregar meu passaporte. Para tanto, precisaria ir até a rodoviária, atravessar a passarela, Iguatemi, sacar Money, ir ao SSA CARD, tan, tan, ir pra casa.
Foi então que passou o primeiro ônibus e li na placa lateral a palavra RODOVIÁRIA. Só ela precisaria, nada mais. Parece que cega, só enxerga o que quer ver. Se é pra lá que eu vou, ou pelo menos quero ir, é esse que eu vou pegar. Paguei os três reais, peguei meu troco de vinte centavos e fiquei com quarenta no bolso. Depois de pagar vem o susto contido.
- Cobra? Passa na rodoviária, né?
- Passa, mas só depois.
Pensei que estivesse tudo bem, afinal, demoraria um pouco, mas chegaria logo logo. E também tava liso, não adiantava espernear.
O danado do ônibus subiu com tudo a ladeira do Saboeiro, botou a primeira naquela subida que não me traz boas recordações e me levou para não sei aonde.
- É fim de linha, véi. – Gritou o filho da puta.
- Sim, meu filho. Eu vou pra rodoviária. Vou esperar aqui – Falei com uma voz mais mansa do que puta.
O motorista indagou que só e eu decidi ir embora. Eu não queria confusão. Segui o conselho de Anderson Silva. Contei até dez, peguei meu celular e comecei a ligar pra alguns amigos. Rafael, Caps e Dips tiveram que me suportar e deram muita risada com a besteira que tinha feito.
Eu tava muito longe de qualquer lugar. Eram brenhas, vielas, ruas estranhas e muita gente caminhando, assim como eu. A diferença é que eles estavam perto de casa. Eu não.
Perguntava pra quem ia passando por onde deveria ir para chegar até a UNEB. Se chegasse lá saberia mais ou menos que rumo tomar. O troço é que as pessoas davam uma risada quando eu perguntava isso. Acho que era por conta da distância. Teve uma que disse: Pode ir indo, indo...
Tá bom então. Irei...
No início deu uma raiva, uma vontade de fazer e acontecer com o cobrador e motorista que não foram nada simpáticos comigo. Se fosse mulher a conversa era outra. Eles deixavam em casa.
Só que o que me traz aqui é um programa de Regina Casé. Aquele esquenta que passa em períodos na TV Globo, dias de domingo pela tarde.
Em um deles que falava sobre preconceito, dificuldades e num sei quê, sei quê, falavam de cegueira. Foi aí que apareceu uma menina na plateia que também era cega dos dois olhos. Ela tinha os olhos vivos, fazendo com que as pessoas duvidassem da sua real deficiência, porque era como se ela estivesse te olhando. Ela usava bengala, mas não sei porque danado ela não usava óculos. Certamente a dúvida não existiria.
Achei interessante uma passagem que ela falou das suas aventuras em coletivos no Rio de Janeiro. Ela no ponto pedia pra alguém a-colocasse no ônibus certo. Alguns, com maldade, diziam o ônibus errado. Ela entrava e quando descobria dava risada. Encarava com naturalidade e como piada. Ela fazia da vida dela e até os ônibus errados motivo para sorrir sempre. Imagine eu, com o bucho deste tamanho.
Não sou a alegria e paciência em pessoa não, mas é importante lembrar de pessoas como ela em momentos como esse.

Aprenda com ela: Um leão por dia, mas com alegria!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Aô saudade de Tabatinga


Dia desses passei um final de semana bem diferente aqui em Salvador. É que, como muitos já sabem, não sou fã daqui, apesar de achar que venho falando isso pra mim mesmo na tentativa de dizer que não, não estou gostando de Salvador. Enfim...
Era na ilha famosa de Rafael. Amigo nosso cheio de prezepada. Ausência de Caps e Daniel já era uma grande perda, apesar de anunciada. Ao chegar, boas surpresas. Uma excelente casa, um

clima muito bom e uma lembrança.
Era um muro pequeno que fazia vizinhança com a casa ao lado, lógico. E de onde tu se “alembrou”?
Lá de TABATINGA, ora.
Em letras garrafais porque amigos meus cansam de ouvir histórias da minha querida e inesquecível Tabatinga. Praia do litoral sul potiguar, pertencente à cidade natal de papai, Nísia Floresta.
Lá fico na casa do tranquilo Tio Toinho e da amada (por filhos, sobrinhos, irmãos, mãe, cunhados, todos) Tia Graça. Casal que é pai dos meninos famosos. Flávio, Bruno e Breno, da quase dupla sertaneja.
Lá a gente faz vizinhança com seu Valdomiro e Dona Francisca. Dois senhores aposentados e muito gente boa. Avós de Marcelinha, Karina e Katarina. Tem tantas outras, mas me refiro em especial às três.
Na ilha, me encostei no muro e era como se estivesse vendo elas brincando, correndo, tomando banho de piscina ou gritando, tentando chamar a atenção de alguém, bem do jeitinho delas que é peculiar e muito bom de se recordar.
Não passava de um sorriso no rosto. Acho, inclusive, que pode ser um sintoma de saudade. Sinal que é hora de voltar à Tabatinga. Passar 10, 15, 20 ou até 40 dias, como já passei. Como são outros tempos, todos com afazeres, seja Breno no escritório, Tia Graça no colégio ou Toinho no DNPM, 15 dias seria excelente. Seja também Marcelinha tendo que fazer vestibular, Katarina se matriculando no ensino médio e Karina na faculdade.
Como é bom essa sensação causada pelo fator tempo. Como danado elas estão? Espero que possam recordar do pequeno muro com bons olhos.
Espero, também, que estejam crescidas e não esquecidas dalí. Acho que o fato de ser uma praia tranquila, as-chateia ou as-entedia.
Barreta e Pirangi devem estar nos planos, mas não abandone os pobres Fagundes.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Gonzaga - Será que sou o único?




Ontem eu assisti o tão comentado "Gonzaga - de pai para filho".
O diretor me chamava a atenção. É o mesmo de "2 filhos de Francisco", que deu um 'up' na carreira da dupla que tava esquecida.
Confesso que achei que o tal "Gonzaguinha" ainda estivesse vivo. Seria o filme uma tentativa igual a dos fí de Chico. Tem gente também que vai ler e vai pensar como eu. E morreu? É, morreu!
Já cheguei desconfiado, mas sai insatisfeito.
Filme fraco. Excelente de atores com alguns globais e, principalmente, os que interpretaram tanto Gonzaga quanto Gonzaguinha. Zéze Mota também dá um toque especial em qualquer projeto. Ela sabe representar bem qualquer "mãe preta".
Direção de arte muito boa, atores - como já disse, bons - cenário, maquiagem, sotaque, músicas. Mas parece que o enredo, o formato não me convenceu, não me chamou a atenção.
Tô c preguiça de escrever, mas esperava mais.
Fico no aguardo de um documentário com a vida de "Lua". O meu Rei do Baião.