Dia 11 de dezembro 2015,
finalzinho de ano, festejos se aproximando, sem dinheiro no bolso para comprar
presente, mas pelo menos o peru não escapa.
Até determinado tempo do
seu ano, ele nada mais é do que uma continuidade do ano que passou. Você idealiza,
se programa, daí faz ou não.
Como me formei em dezembro
de 2014, certamente 2015 seria de muita mudança, novidade e experiências.
Digamos que o ano começou
com o pé esquerdo. Chego em Jacobina dia 2 ou 3 de janeiro e recebo a triste
notícia que Quincas (nosso cachorro) havia morrido no dia 31 de dezembro de
2014. Eu sofri, beleza. Mas ver Gi daquele jeito era de matar. Ela realmente se
aproximou muito do animal e toda aquela velocidade da morte assustou.
Já em fevereiro foi de uma
intensidade fora do comum. Coloquei um ponto no meu namoro com a Dra. Laiza
(especial demais). Já estava aprovada no exame da ordem, pronta pra advogar ou
fazer o que quisesse, ao passo que o nosso namoro não vinha dando certo, pelo
menos pra mim.
Foi em fevereiro também
que recebi uma ligação de Arthur Maia, até então irmão de “Thola”, apenas. Fui
ao Escritório dele, ali no Stiep, e tive a grata surpresa de ser convidado para
o seu escritório. Disse que pensaria, que tinha alguns projetos, mas que tinha
ficado animado.
Já era um sim, mas não
podia insistir no erro que justamente o “Thola” tanto me policia. Tenho mania
de ser impulsivo e certa vez fui chamado a atenção por ele de forma bem
incisiva. Aquilo mexeu. Estou melhorando. Sério!
Março fiquei em Jacobina
analisando a vida, trabalhando muito no OpenLight 5 (Cavaleiros e Daniel
Vieira). A festa foi um sucesso fora do comum. Se não fosse a cerveja que não
estava numa temperatura legal, arriscaria aí dizer que foi perfeita.
Em meio ao OpenLight
liguei para Arthur e confirmei o “sim” do convite para o Escritório. Seria,
então, a partir de 01 de abril de 2015, sócio do escritório que hoje chamamos
de MAF (Maia, Alves e Fagundes). Hoje Arthur não é mais só irmão de Heitor. É o
meu sócio, a pessoa que divido as petições, os pensamentos, as estratégias, os
sonhos e angústias. Gente...parece que a sociedade é mesmo um casório
escrevendo isso. Hoje temos oito meses de parceria e digo com tranquilidade e
muita perspectiva de que estamos bem e vamos longe.
Com apenas trinta dias de
escritório tirei férias. Brinks! Arthur sabia e tinha aceitado a ideia da
viagem. Ela fez parte de uma programação de 2014, como dito lá no início do
texto.
Dia 01 de maio de 2015 fiz
uma das coisas mais incríveis e corajosas da minha vida. Fui para Europa com
Giovanio Conrado, um colega de sala durante os cinco anos de faculdade, um
juazeirense filho de duas criaturas que são amadas e ninguém conhece (Velho Gerson
e dona Lau). É uma figura super engraçada e que faz muito sucesso por onde
passa. Gente autêntica me deixa arrepiado. Os vídeos no Facebook são a prova.
Fomos para Lisboa (apenas
uma conexão, o que não nos impediu de fazer um almoço e um mine passeio),
Madrid, Barcelona e Amsterdã, Madrid. Voltamos dia 19, ou seja, passei meu
aniversário (que é dia 18, só pra quem tenha esquecido, eventualmente, claro) em
Madrid. Vivi histórias interessantíssimas, aprendi outras tantas, conheci
pessoas que nunca imaginaria conhecer, como foram os argentinos (Ruan, Wilson
Widerique), as canadenses, as francesas, e Hayla, que não faço ideia de onde
seja e volta e meia a gente se cruza pelo whatsaap pra conversar. Ela é
advogada e vive rodando esses congressos. Chamei para o Brasil e ela ficou com
medo. Tenho cara de quem saio comendo todo mundo assim? Oxe! Ela é muçulmana,
eu acho.
Tentei e consegui extrair
o máximo possível, ter uma visão macro de tudo de um jeito que não consigo
contar. É preciso viver. Chupa Sara!!!
Em junho é São João aqui
pra gente, além, claro, do aniversário de Jéssica. Passei com Igor (colega de
faculdade), Dips, Daniel e Rafael por Iraquara, na Chapada Diamantina. Foram dois
dias de um São João diferente, com passeio por pratinha, com um forrozinho em
Seabra, enfim. Rodei mais que notícia ruim. Teve também Tayrone e minha Saia
Rodada na querida Capim Grosso.
Dia 24 de junho realizei
um sonho. Comprei uma rocinha. Como é segredo, não vou me alongar. Papai não
gosta de ideia de ter uma terra, de empenhar dinheiro. De lá ele já veio, pra
lá não quer voltar. De lá eu não vim, pra lá quero viver boas histórias.
Paciência! Mamãe já sabe e vai me ajudar. Ela é dez pra essas coisas. Só tem
que pegar numa veneta boa. Ô mulher pra mudar de humor em menos de um segundo.
Passado esse São João,
tentando retornar a vida no MAF, logo retornei para Jacobina e o aniversário de
papai, que foi dia 2 de julho. Essa parte merece um parêntese muito grande. Na
comemoração dos 58 anos de papai eu avistei tia Anízia, uma tia querida, irmã
de mamãe, sentada e pouco falante. Ela bebia e fumava muito, mas sempre fomos
acostumados. O que é ruim. Ser acostumado com o que não presta é terrível.
Passei todo o aniversário
do seu lado, abraçado, bem juntinho mesmo. Pegava cerveja sem álcool, trazia
salgados e conversava. Ela tremia, tava frágil e falava em fazer um tratamento
dentário. Ela me convidou para o seu aniversário que seria em quinze dias.
Voltei para Salvador e
duas semanas depois liguei pra casa. Disse que estaria indo no final de semana,
causando estranheza em papai, já que fazia muito pouco tempo que teria ido.
Justifiquei que seria aniversário de Tia Anízia, que ela tinha me convidado e
que tava com medo de não conseguir mais vê-la. Papai, resenheiro como sempre –
na maioria das vezes fora de hora – riu e brincou com mamãe.
Fui pra Jacobina, cheguei
final da tarde e umas nove da noite fui à Jacobina 3, onde ela morava. Tava com
Juliana Mota, uma paquera da época. Elas se cumprimentaram, perguntei como tava
aquele barulho (tava acontecendo o São João do bairro na praça que ela morava),
e ela, daquele jeito que só ela tinha, culpou Papai daquela baderna “nas porta
dela”.
Convidei para almoçar lá
em casa no sábado, o dia do seu aniversário de verdade. Ela não comemoraria no
sábado. Janaína, minha prima, filha dela, tava em um curso. Não fazia sentido
comemorar sem a presença de Jana. Aceitou meu convite, almoçou conosco, tomou
aquela cerveja zero álcool e na hora do almoço papai riu pra mim, mais uma vez
com resenha fora de hora, e disse que eu tinha razão. Anízia não ia longe não.
No domingo ela comemorou
seu aniversário e eu não fui. Estava numa cavalgada. Por volta das dez da noite
daquele domingo, mamãe me pegou no Haras com tia Lucinha e fomos novamente à
Jacobina 3. Lá ela me aguardava cheia de desaforo e com uma picanha que quem
quisesse que mexesse. Era pra mim, guardada para o sobrinho dela. Comi sem
fome, agradeci, abracei bem forte e fui embora.
Voltei para Salvador e na
sexta seguinte, na mesma semana, ligo pra Gi perto do almoço para saber como
estão as coisas. Sempre gosto de saber qual o almoço para ficar com inveja e
vontade mais ainda de ir pra casa.
Gi disse que as coisas
estavam bem, só que Anízia estaria no hospital. Respondi com um “vixe”. Não
imaginava, realmente, que seria algo sério.
Perto das cinco da tarde
recebo a ligação de papai. Ela não resistiu. Era pra esperar Sara e ir pra
Jacobina. Com cuidado, sem correria, sem maiores angústias, sem carreira. Como
se fosse possível.
No sábado cheguei em
Jacobina e foi daquele jeito. Uma tristeza sem fim, mas eu muito conformado e
feliz por ter ido vê-la uma semana antes. Aquilo me deixou bem de um jeito que
vocês não fazem ideia.
Agosto e setembro foi
muita montaria, algumas vaquejadas e cavalgadas, como Ponto Novo. Integrei-me
ao Grupo Mesquita e com Bruno, Laranjeira e as minhas “chiquititas” de Capim
Grosso aprontamos um monte. Dormir em uma rede amarrada de todo jeito e acordar
com coice de cavalo passando fazendo vento no nariz foi o bicho!
Outubro mais um
acontecimento triste. Zé Fagundes, avô paterno, falece em 15 de outubro. Um
descanso. Viveu 91 anos bem vividos, sofrendo ali apenas nos seus últimos
meses. Deixa aí cinco filhos que são, sem dúvida, a maior marca da sua vida.
Impressionante como todos eles têm um pouco das coisas de Vovô. Papai foi
exagerado. Pegou quase tudo. E não falo aqui só de fisionomia, que chega a
assustar de tão parecido.
Uma das coisas que me
deixou mais assim “coisado” com a morte de Zé Fagundes foi a sua missa. Tanto a
de corpo presente (uma tradição no RN) quanto a do sétimo dia. O Padre, que era
amigo de Vovô, dizia que em uma das conversas que um dos grandes arrependimentos
do velho teria sido a sua ausência para os seus filhos. Nessa hora papai chorava
de uma forma estranha, com pesar mesmo. Eu não aguentava. Acompanhava.
Na oportunidade eu
agradecia por ele ser diferente comigo e com Sara. De verdade, melhor que ele
não acharíamos. A gente chega a não merecer. Enfim. Disso nunca me queixarei.
Novembro não lembro muito
bem o que teve, talvez muito trabalho, assim como esse dezembro.
A palavra que define 2015
é “surpreendente”.
Apesar desses pesares que
passamos juntos aí, já que muitos de vocês viveram isso comigo, o fim ano vai
acabar e vou agradecer muito. Oportunidades, experiências, choros, risadas, idas,
vindas, projetos, realizações, decepções(??).
Já estou planejando 2016,
seja com Arthur, seja com Lucas e Dips, seja nas minhas anotações, porque quero
que ele seja assim, repleto de histórias, independente, estarei preparado.
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