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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Sr. Figueiredo

Pra quem andava sumido, aparecer duas vezes numa única semana, nada mal. Anda sem processo pra fazer e tomar conta? Não. Pelo contrário. Mas é quando nos falta tempo que a gente sabe administrar melhor.
Venho aqui hoje por três motivos. O primeiro é que fui cobrado por uma amiga das postagens. Segundo ela, não sou dos mais assíduos blogueiros, já que ela volta e meia aparece aqui e nada tem de novo.

Então vamos lá.
O segundo motivo é que hoje logo cedo viajei pra Saúde. Estamos fazendo audiências pra OI em Jacobina e algumas cidades da região.
Quando, nos fóruns ou ruas da vida, alguém menos esclarecido nos vê de paletó, logo pergunta se somos advogados e se podemos ajudar. Como de costume, sim, sempre posso ajudar, mesmo que algumas vezes desconfiado daquela ajuda.
Dei algum tipo de resposta pra o interessado e disse que não, não era quem ele procurava, estava ali para representar a OI.
Logo despertei a atenção de um senhor que poucos minutos atrás tinha se sentado ao nosso lado.

- Então é com você que vou brigar hoje?
- Não...não brigo com ninguém não. O senhor que vai fazer a audiência da OI comigo?
- É, tive que fazer isso. Não gosto de desrespeito, e eles não foram leais comigo...

A partir daí a conversa de alongou e vi que se tratava de um senhor de 92 anos. O seu nome não tô lembrado agora, mas o sobrenome era Figueiredo. Era um Oficial da Polícia Militar aposentado em São Paulo.
Sei lá o que aquele cara aprontou durante toda a vida, como era a sua relação com seus filhos, netos e esposas, já que ele tava em seu terceiro casamento.

O curioso é que dos três casamentos, um chamou mais atenção. Segundo ele, foi o grande amor da vida dele, a mãe dos filhos, uma Rainha e que ele não foi merecedor. Os olhos dele lacrimejavam quando falava dela.

Hoje ele estava em um novo relacionamento, com 92 anos, casado com uma professora; Não podia dar todo tipo de atenção, mas jurou para nós ser carinhoso e atencioso.

Me lembrou muito Zé Fagundes, meu avô paterno. Não pela gentileza com as mulheres, mas pelo estilão.
Sempre simpático, bem vestido no social e com um passado que a gente não conhece.

O Figueiredo da nossa conversa disse que durante toda a sua carreira só prendeu três pessoas; O quarto teria sido um rapaz que passou num sinal de trânsito sem poder. Abordou o rapaz, pediu sua habilitação e o documento do carro. Não tinha nada, só mesmo o carro, o que deixou o Sr. Figueiredo irritado.

- E por quê você não fugiu, rapaz?

Ai, ai...Figueiredo.
Vou escrever outra coisa e não vou me alongar, mas ele nos disse que o segredo para 92 anos com saúde e vitalidade era a semente. Plantar a semente do bem.

Por mais audiências com pessoas como o Sr. Figueiredo.

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