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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nada filhão, nada!!


Sexta, dia 13, foi a minha primeira sexta feira de trabalho que antecedeu um final de semana. Socialmente falando, período em que se descansa para recomeçar a próxima semana de trabalho.
No dia 14 era aniversário de Daniel, vintando, diga-se de passagem.
Caps me ligou para irmos até Abrantes, passar a noite na vila, ao som dos pagodes baianos horríveis. Pós festa, pães com carne na casa de Rafael e muita resenha. Muriçocas, um ventilador para três que mais fazia zoada.
No sábado, 14, acordamos e fomos para Itacimirim. Lá Daniel estava a nossa espera para comemorarmos o seu aniversário. Um clima diferente, gostoso e família. Diferente porque era um ambiente que não estou habituado a viver na Bahia. Em contrapartida, aquelas casas com muros baixos, outras com muros enormes, arrodeados por cercas elétricas e piscinas com aquecedores, areia, coqueiros e um mar bem na nossa frente, fazia pensar em como seria se estivesse em Tabatinga, RN, lugar que, repito, merece mais de dez páginas nesse blog.
Durante todo o dia muita conversa boa, piadas, cerveja, voz, violão, praia e vôlei. Fomos dormir por volta das quatro da manhã, com umas três mil duzentas e cinquenta e duas muriçocas nos atormentando.
Domingo, passado o aniversário de Daniel, mas ainda em clima de festa, resolvemos ir para o encontro do rio com o mar, mais adiante.
Sempre com muita risada, com as piadas de “Vicente” interpretadas por Cajé, nos acomodamos e fomos primeiro para o rio. Uma correnteza fora do comum. Lembramos imediatamente de uma aula de campo em Guaimbim que havíamos feito no terceiro ano de colégio (2009). A lagoa de Arituba, no RN, também foi lembrada. Comentei com Caps duas histórias que um dia vou publicar. Foram dois salvamentos por afogamento na referida lagoa. Uma acompanhada por Breno e outra sozinho.

Então, agora no rio de Itacimirim, Junior, irmão de Daniel, atravessou o rio e me chamou para fazer time do outro lado com uma turma de rapazes que lá estavam. Atravessei “na manha” e fui ao encontro dos boys.
Antes de ir, parei na beira e fiquei escutando Edna (mãe de Daniel, Jr e Maíra) passar algumas instruções, preocupadíssima.
Quando tentei me virar para ir “bater o baba” fiquei olhando uma cena estranha.
Um pai e um filho sob suas respectivas pranchas de boryboard. O pai atrás e o filho na frente. Quando eles estavam no meio do rio, a correnteza os levava para o mar, lugar certamente de muitas mortes.
Eles eram brancos, logo, turistas. O pai já tava amarelo e pálido, mas o filho ainda não sabia da gravidade daquela brincadeira de sair passeando em cima d’uma prancha.
Ele dizia tranquilamente para o boy:
- Nada filhão, nada!
- Não tô conseguindo. O que faço? O que faço?
- Nada, filhão!!
Quando percebi a infelicidade da brincadeira me atirei no rio e fui ao encontro do pequeno. Grudei na prancha, e tentei empurrá-lo pra beira do rio. Repito. A correnteza era fora do comum e com água não se brinca.
Como não dava pra ir até a beira de jeito nenhum, ele dizia pra mim querendo chorar:
- Me salva. Salva?
- Relaxe vei...só não saia de cima da prancha.
Também segurei na prancha e tentei me guiar para uma pedra, já dentro do mar. A água ia nos levando e chegamos.
Esperava tá “salvo”. Contava com um apoio da tal pedra que iria nos amparar. Não imaginava que ela estaria lisa feito pau de sebo. O limo não deixou que eu segurasse e me apoiasse. Já bastante cansado, tinha que soltar o garoto, caso quisesse ficar pelo menos vivo.
Ele sem saber dessa situação, já me agradecia sem ar e muito cansado.
- Poxa, obrigado. Você me salvou, salvou.
Agora como ia deixar esse menino ir embora ele já me agradecendo?
Isso eu não podia de jeito nenhum...era agora, questão de honra.
O pai dele estava também na pedra, só que mais confortável. Ele tava só, então era só ter um pouco de força para se manter. Eu tinha que lutar contra meu sedentarismo, a força da água e segurar o pequeno.
Nessas horas, só mesmo a mão do cabeludo lá de cima. O mar puxou a água do rio e secou a parte que nós estávamos. Foi o tempo de olhar onde eu tava, abraçar a pedra, segurar com os dedos lá em baixo, a mão esquerda segurar o menino e pedir pra ele descansar.
A cena desenhada seria um gordo segurando a pedra com a cabeça apoiada sobre ela, o menino segurando minha mão esquerda com a barriga pra cima e água passando a todo o momento por cima dele. O pai era um sorriso amarelo o tempo todo e perguntou se tava bem. Por fim, pedi pra ele ficar por lá, caso ele quisesse ficar vivo.
O salva-vidas (profissional) chegou, segurou o boy e ainda me deu uma regulagem.
Queta! Tudo bem...eu não ia mais mandar aquele cara tomar ai dentro. Era uma regulagem pra tentar chamar a atenção da merda que eles dois (pai e filho) fizeram e eu me meti.
Acontece que me metia de novo, sem medo de ser feliz. Acho que os aplausos que recebi quando sai do rio pagaram todo o meu final de semana.

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