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domingo, 28 de outubro de 2012

Maria's de Lourdes


São esses os nomes das minhas duas avós.
Comuns, teve essa coincidência que não era tão difícil de acontecer.
A de Jacobina, mãe de mamãe, morreu quando eu ainda tinha oito meses. Ela me conheceu, mas eu não. Câncer, Parkinson e outras complicações a mais.
Dizem as primas que era legal. Mais legal ainda são as histórias meio sem jeito contadas por mamãe. Fazia roupas pras filhas vender na feira. Vendia broa e dava dinheiro pras filhas irem tomar sol na 2 de Janeiro queimada por coca cola quente. Quando nova era bonita feito moça rica. Parece até que os pais delas tinham um pouco de dinheiro. Tudo ficou para os irmãos homens, que hoje pouco tem. A minha aproximação com as gerações passadas é mínima das mínimas. Tem uma história que acho que mamãe me contou quando era pequeno e vou lembrar pra sempre.
A caixa d’água era pouco habitada, mas lá morava uma mulher que devia pouca coisa à minha vó. Mandada ir cobrar, mamãe foi na casa, subindo e descendo serra por duas vezes. Na terceira, novamente sem achar, pulou a janela e pegou livros na estante como forma de pagamento. Chegando em casa, noticiou que não tinha achado e que pegara aqueles livros para ler. In natura, ela nem sabia que tava fazendo isso.
Indignada, Vó Lourdes mandou voltar e botar no mesmo lugar. Quando foi fazer isso, a devedora já estava em casa. E agora? Pular novamente? Teve que bater palminhas, contar toda a história pra devolver os livros.
O Parkinson faz a pessoa tremer sem querer. Tia Olga, do RN, diz que ela me pegava no colo e as mãos tremiam. Com vergonha ela dizia para essa tia que estava me ensinando a dançar. Me imagino bebê rindo pra ela, como se tivesse gostando.

A do RN quando veio a falecer papai tinha pouco mais de dezoito anos.
A do RN era querida ao extremo. Reza as histórias que ouço, que no dia do seu sepultamento a delegacia foi aberta e os presos puderam ir ao seu enterro. É que ela levava água de côco, leite e doces para a delegacia. Ele não deixa transparecer, mas parece ter um sentimento eterno por ela. São histórias que eu sei que não é interessante contar aqui, porque é de família. Mas são bonitas de se ouvir. Não canso.
Sei nem se ele gosta que fale nisso. Mas falo porque já cheguei a dizer que se morresse, morreria feliz. É que encontraria com minhas Maria's de Lourdes.
Se tem uma coisa que não vou fazer quando vivo, é conhecer as minhas avós. Queria muito.

3 comentários:

  1. Aaaah, que lindas as histórias... Escuto de monte por aqui, tbm.
    Também tenho uma Maria (de Lourdes) guerreira que só vendo. Meu orgulho!! Minha avó.

    Adorei. Adoro quando venho aqui. Sucesso!
    Parabéns, Creubi.

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  2. Que lindo Keu. Tbm tenho poucas, mas maravilhosas histórias de vó. Depois te conto se assim tu quiser, kkkkkkkkkk..bjooo

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