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domingo, 12 de setembro de 2010
Politica Centralizada
Nunca antes na história recente desse país houve um processo eleitoral tão centralizado como o de 2010.
Se reconsiderarmos o cenário político e social dos anos 80, veremos, entre outros pontos, a força dos sindicatos, associações científicas e comunitárias e outros movimentos sociais na luta pelos direitos coletivos, garantias, salários justos, liberdade de expressão e intensa problematização da relação capital/trabalho.
Na década de 90 houve um esfriamento dos movimentos sociais, em geral provocado pela política neoliberal instalada no Brasil, os sindicatos atuavam cada vez mais, dentro da legalidade do capital, deixando de ser um instrumento de construção da própria legalidade da classe trabalhadora e que assim nutrisse a edificação de uma proposta política alternativa á supremacia do neoliberalismo.
A eleição do Lula, líder sindical e fundador do Partido dos Trabalhadores, em 2002, representou a oportunidade de se superar o panorama vigorante, pois, apesar das múltiplas alianças, o presidente apresentava uma proposta não liberal ou anti-neoliberal para seu mandato.
Pois então queridos colegas, apesar da saudação à eleição de Lula por todos os movimentos esquerdistas da América Latina e da visão de um novo momento histórico numa visível era pós-liberal, Lula e o PT decepcionaram. (Gostaria de frisar que não estou aqui questionando o mérito do governo do presidente, apenas reproduzo, com meus óculos cognitivos, o panorama analisado). Chegamos ao final de oito anos de governo Lula e o nosso ex-operário optou por dar continuidade à aplicação e defesa de uma política econômica neoliberal.
Bem, aí você me pergunta: E o que é que isso tudo tem a ver com a tal “centralização das eleições” 2010?
O que vemos hoje é uma centralização ideológica, onde a direita quase some e a esquerda é inexpressiva. Ou seja, resta o centro, poucos propõem mudanças radicais e os candidatos parecem temer pender para um lado. Ninguém se opõe claramente a nada, mas também não se comungam.
Alguns defendem a tese de que, independente de quem assuma o poder, o governo será, no final das contas, mais o menos o mesmo enquanto ideal. A esquerda não conseguirá mudar drasticamente a lógica econômica, pois estamos imersos e nos afogando no sistema capitalista, portanto somos vítimas dele. Então, ou o presidente faz igual fez o Lula e entra de uma vez na dança e tenta fazer o que pode dentro do contexto, ou seremos esmagados e pisoteados de uma vez pelo sistema.
Bem, eu não concordo com essa linha. Mesmo inseridos no capitalismo é possível sim torná-lo menos selvagem. Para tanto, é intrínseco atentarmos para a minimização REAL das desigualdades e para uma palavrinha da moda chamada Sustentabilidade e é observando esses e mais alguns pontos que já tenho minha candidata a presidência neste ano, apesar do elenco pouco entusiástico que temos.
Deposito minha confiança em minha candidata pelas suas propostas, pela sua trajetória e competência, mas, sobretudo, pelo desejo de termos de volta um movimento social forte e atuante no nosso país e não anulado e cooptado em suas decisões dentro de um processo de “estatização” das organizações sociais, o que o deixou resignado e enfraquecido por se encontrar dentro do próprio Estado, extinguindo reivindicações e lutas intensas e reais.
Temos um Estado rico e um povo pobre e não será empregando companheiros nos ministérios e nem dando dinheiro por filho que vamos conseguir tratar de fato o problema do nosso país. É hora de elegermos uma sucessora, que reconhece avanços, mas que propõe mudança, que recusa heranças patrimonialistas e que tem equipe com poder inovativo.
Dentro do círculo sem cor que é a eleição presidencial 2010 já encontrei o meu ponto. E ele é verde.
Iago Itã de A. Pereira – Graduando em Gestão Pública e Gestão Social pela Universidade Federal da Bahia - Escola de Administração EAUFBA
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