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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O gentil do interior


Entrei na faculdade em 2010, 17 anos, uma namorada, zero pretensão e algumas admirações. Não me faltaram recomendações, avisos prévios das más companhias de droga por parte dos pais e de mulheres por parte da namorada.
Muito ansioso pra que tudo começasse, entrava na comunidade que se formava aos poucos no Orkut e ia conhecendo as figuras que vejo até hoje. Dos vários comentários que se faziam naquele espaço, estava ali um nome presente, sempre muito comunicativa, dando as boas vindas à galera, dizendo que tinha vindo do curso de psicologia na Unime e que tinha sede de conhecimento. Não se enganem... Era só impressão.
O tão sonhado primeiro dia chega, nem sei a minha sala direito. Vou à coordenação, procuro saber onde seria a minha sala, os veteranos me olham com sarcasmo e finalmente vou pra sala. Peço licença e me encaminho pra ultima cadeira da sala. Com a aula de filosofia super interessante, passo o olho pela galera com a caneta em punho, fazendo algumas observações e poemas lembrando do Yolanda.
Segundo dia de aula já mais tranqüilo, uma mulher chega atrasada e senta na frente, na mesma fila que eu, me atrapalhando um pouco a visão por ser alta. Termina, começa, começa de novo e eu sem me enturmar com ninguém. O único culpado era eu, já que tava com o corpo fechado, um pé atrás, fazendo comparações das pessoas dalí com os meus amigos do colégio, coisa que não vou achar jamais igual.
Outro dia qualquer cheguei mais cedo, já que temos ordem do STF (Superior Tribunal Familiar) de ir e voltar junto pra faculdade com Sara. Fui pra biblioteca e fiquei lendo um livro que até hoje nunca terminei. Chegou a menina que tinha escrito na comunidade que tinha sede de saber, que sentou na minha frente na sala, que pouco conversava e muito bem se vestia. Chamava a atenção, claro, até ela fuxicar com um amigo a respeito de um paquera de outra amiga que não tinha braço. Eu me senti completamente vítima de bulling (risos). Mas nunca passou na minha cabeça ter algo com ela.
Como estava com o notebook, viciada que é até hoje começou a mexer na internet e invadiu a pasta de fotos. Clicava, passava, observava e perguntava o que era. Cachoeiras, mulheres, um cachorro, cavalos, festas, som, amigos, abraços e festas. É o que você certamente vai achar nas minhas fotos. Todas dignas de histórias que se eternizaram com a consumação.
Outros dias se passaram, saí da sala com mais quatro colegas. Ela ficou na sala comentando com uma amiga que tinha conhecido um menino interessante. Bonito, gente boa, tem um cavalo, um cachorro, é do interior, você precisa ver, amiga - Contava o babado – Só que como ela costuma brincar, eu já tinha o presunto do meu pão.
Ansiosa pra ver o tão comentado e elogiado menino do interior, os quatro colegas que haviam saído da sala entravam de um por um. Entrou um, entrou dois, entrei, entrou o ultimo. Indignada sem saber o que fazer, a amiga falou pra tal.
- Mas amiga... cadê o menino?
- Oxe! Ele acabou de entrar... é aquele de calça e camisa branca.
Não... aquele menino ali não poderia ter todos os adjetivos que uma relava pra outra. Não mesmo. Cadê os músculos? Cadê o charme? É... Além dela não ter citado, é esse o padrão ideal de beleza e que não vão me ver assim nunca.
A gente foi se conhecendo, conversando até que na calourada da faculdade (Bar da Zélia) uma menina bêbada caiu, quebrou a sandália havaiana e eu ajudei. Levantei, perguntei se tava bem, a galera vaiava e eu botava aquele botãozinho da sandália lá pra dentro. Pronto... Aquilo foi o estopim! KKK – Não fazia idéia que ajudar uma pessoa seria tão encantador pra quem ta de fora. Ela tava só me observando, diria até que seguindo meus passos, mesmo que muitas das vezes, passos virtuais. O que eu não gosto, não suporto.
Dias depois acabei com a namorada. Uma seqüencia de conspirações, conversas, barreiras, e por fim, um depoimento. Já vi coisa pra terminar namoro, mas igual internet, tão pra inventar.
Mais a vontade pra conversar, me apegava a aquela figura, conversávamos sobre faculdade, sobre a cidade, Jacobina, futuro. Me apegava de verdade, mas como um amigo, como dizia sempre. Dia desses lembrei que ela me mandou uma música de Nando Reis e disse: Eu vou mandar essa música quando eu me apaixonar por alguém. Eu lá sabia que ela já tava mandando a música pra o tal, só queria escutar a música e ouvir o grave do rock. A gente ficou, foi ficando, curtindo, só que faltava um pouco mais pra ela. Claro que faltava. Só eu não via, ou talvez não queria enxergar. Chegou ao cúmulo da minha lerdeza quando fomos pra um show de Saia Rodada (claro que ela não gosta – só ouve por osmose, assim como todo mundo que tem uma relação mesmo que seja mínima comigo) e eu, mesmo me arrumando na casa dela, programado pra dormir na casa dela, fico com uma outra pessoa. Eu não sabia que existiam planos praquela noite. Eu não sabia que tinha que ficar com ela, mesmo tendo a obrigação, digamos que tácita – kkk – o mínimo que eu tinha que ser era homem, ou pelo menos me tocar.
Raiva, choro, promessas de mais nunca, antipatia. Provoquei muitos sentimentos, todos derivados de uma paixão, mesmo ela não admitindo. Acho que a partir daquele dia me toquei de tudo, até das coisas que estou escrevendo aqui. Voltamos a ficar, me expliquei, como bom advogado que sou contornei a situação, até que não era muito difícil, já que quando a verdade é dita, tudo fica mais fácil. Tudo não passou disso... Aliás, foi tudo isso!! Foi um verdadeiro lance, como diz a música da moda. Como tudo em minha vida, muito válido, muita aprendizagem, valeu muito a pena.
Tenho ela como uma figura extremamente importante na minha adaptação na capital, uma amiga de verdade, apesar de ter comportamentos reprováveis em grande parte dos momentos que passamos juntos. É bom pirraçar ela de manhã na faculdade, chamar de gorda e dizer que ela vai pra academia comer coxinha. Como prometido, na formatura eu vou dar o tão sonhado beijo que ela quer pra ver se me deixa em paz e volto pra Jacobina com a consciência mais leve.

3 comentários:

  1. Mas, rapaz!
    Ela vai retar quando ler esse texto!
    Deixa de pirraça e beija logooooooooooooo...vai esperar mais tempo..

    Beijos,

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  2. Ameeeei, ameei e ameei!!!! Esse texto me fez lembrar várias coisas boas e engraçadas, inclusive a tal festa, hauhauahuahauhauhauhauah

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  3. Haaaaaaaaa eu sei quem é!!! A sala inteira espera por essa festa de formatura e a realização dessa promessa.

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