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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Depois do conflito, a mudança!? Será?

“Diga ai, papai. Vc(s) já estragaram um filho. Cuidado pra não estragarem outro. Mensagem por celular não é nosso forte, mas vai assim mesmo. Ah! To indo pegar Sara como determinado. Abçs.”


Quarta, depois do cinema com Dips, recebi ligações de Sara para busca-la na casa de Priscila, uma amiga. Como não sei andar muito bem aqui em Salvador pedi para que me ensinasse a chegar. Sem muito sucesso. Alguns palavrões e desligar o celular. Poucos instantes o celular toca e ouço.
“Painho disse que se vc n vier me buscar ele ajeita sua vida.”
A princípio não iria buscar de jeito nenhum. Mas deixei o orgulho de lado e segui caminho. Alguns motivos me faziam ir buscá-la.
No caminho, umas oito da noite, na frenética avenida ACM, me dividia entre enviar a mensagem, dirigir e pensar na minha vida.
Por que mais uma atitude dessas? Por que eu tava indo buscar? Por que ele tinha mandado eu ir buscar? Por que a confusão se trinta minutos antes estava tudo tranquilo? Quem está errado? Existe alguém certo?
Já em casa, dormimos.
No outro dia recebi uma ligação de papai que me perguntava o que era aquela mensagem. Estava sem entender.
Oxente! Então ela não ligou e ele não tinha dito que “ajeitaria minha vida”? Que porra é essa?!
Com muita gritaria na quinta de manhã, ele liga pra Sara que em prantos diz:
“Painho. Ele disse que quebraria minha cara.”
- Você disse isso, Cleuber?
- Disse!
- Então o carro está preso! Vou vender esta merda! To aqui me fudendo pra vocês ficarem nessa? Vocês tem o que eu e sua mãe não tivemos. É assim que vai ser. O carro só sai dai com Luciano pra vender ou com minha autorização. Anotem a quilometragem e me tragam.”
Feito o que foi dessa vez determinado de verdade, estamos aqui.
Nasci e me criei ouvindo que a vida era difícil, que não éramos filhos nem netos de Nildinho, grande empresário de Jacobina, que por sinal é avô de uma grande amiga minha. Conheci sem saber que ela era neta do famoso que ouvia toda reunião familiar.
Mas, e agora? Já somos netos, filhos, sobrinhos de Nildinho? Que minha amiga me desculpe por usar o nome real do seu avô, mas é que criei uma imagem fictícia dele desde pequeno, como alguém que deveria me inspirar.
Ao contrário do que muitos acham, eu sou ignorante, nervoso, explosivo, agressivo. Mas não se assustem. Logo me arrependo e volto ao normal. Talvez isso tenha causado toda essa celeuma, como Bob (professor de Ed. Física) gostava de falar.
Como devem ser resolvidos os conflitos?
O sociólogo e político alemão, Ralf Dahrendorf, diz que o conflito tem uma particularidade e até mesmo qualidade. É a partir dele que se consegue a mudança.
Que mudança é essa? Estou morando em Salvador a dois anos e canso de me envolver em conflitos internos. A mudança tá existindo? O que vem prevalecendo? Quem vai ceder?
O que sei meus caros é que a intervenção hierárquica dos pais não pode ser direcionada pra um lado. Não que puxem os sacos de um ou de outro.
Quero dizer que enquanto não houver uma conversa franca com os titulares deste conflito, não haverá mudança. Enquanto houver intervenção do que chamo de STF (Supremo Tribunal Familiar) sem a ampla defesa e o contraditório, continuaremos nessa instabilidade.
Falto mais três anos de faculdade. Estou aqui por ela. Pelo curso, meu futuro. Quero parar de descer a ladeira do prédio sem querer subi-la.

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