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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dormindo o sono eterno


Ontem esse horário recebi mais uma triste notícia. A mãe do nosso amigo Neneu havia falecido aqui em Salvador. De imediato fomos à casa do nobre. Eu, Rafael e dona América.
Depois de abraçá-lo e não dizer absolutamente nada, ficamos na varanda, jogando conversa fora.
Meio da proza recebi o convite de Rafael de ir até ao quarto, ver dona Umbelina. Como não sou muito fã, rejeitei.
Com dois segundos bati as mãos nas coxas e disse:
- Vamos! Vou virar homem é agora!
Ela estava deitada na cama, como um anjo que dormia. No exato momento começava a me lembrar de uma peça que fizemos dia atrás. "O Bem Amado". Numa das falas intitulávamos a morte como "o sono eterno".
A morte é exatamente daquele jeito. Ela estava dormindo e nunca mais vai acordar pro mundo físico, que apesar de tão cruel, a gente não quer deixá-lo.
As mãos sob a barriga, unhas feitas, cheirinho de perfume doce e uma expressão de felicidade no rosto engraçada. Aquilo mostrava que a sua missão já estava cumprida.
E como foi cumprida...
Sabe as conversas de velho?
Vô perguntou dia desses por onde andava a enfermeira que cuidava dele e de Vó. Era dona Umbelina, por coincidência, mãe de um rapaz que se tornara meu amigo mais adiante.
- Cadê? Já morreu? - Perguntava vô indelicadamente.
- Sim, vô. Faleceu dia desses em Salvador...

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